sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Casarão do Belvedere


 Ilustração: Casarão do Belvedere

O imóvel construído em 1927 foi habitado por 4 gerações de descendentes de seus construtores, a família de Ernest Sohn. Em 2001 estes decidem se desfazer do imóvel, organizam uma venda e nessa venda são retiradas portas, janelas, vitrais e escadas.



 Construção do Casarão do Belvedere 1927 - Fonte: Panoramio
Arquivo pessoal: Paulo Goya

Em dezembro de 2002 o imóvel é tombado pelo CONPRESP da cidade de São Paulo. Depenado e já sem o lustro original, em janeiro de 2003, Paulo Goya, ator e atualmente o Presidente da OSCIP Espaço Cultural Dona Julieta Sohn que determina a linha de criação e gerencia os projetos artísticos do Casarão, como herdeiro do imóvel propõe à família a transformação do imóvel em espaço cultural.

Durante todo o ano de 2003 tentou-se recuperar e salvaguardar o que restava da construção. Obra custosa. Diante da impossibilidade de gerenciar a restauração e levar adiante o projeto artístico estabeleceu-se uma parceria para a obtenção da Lei de Fomento ao Teatro. Assim em agosto de 2004, junto com os Fofos Encenam, o Casarão abrigou o Projeto ‘Assombrações do Recife Velho’. Em conjunto pudemos assim devolver à população de São Paulo o derradeiro exemplar da alvenaria burguesa do bairro que se chamou o Belvedere.

Entre o Bixiga e a Liberdade. Bairro que foi habitado pelos imigrantes franceses do final do século XIX, vindos para as missões francesas que remodelaram São Paulo no início do século XX. Onde se construiu a Vila Itororó. Local de residência de Oswald de Andrade e Octales Marcondes. Local de residência do arquiteto Ramos de Azevedo.

Hoje o Casarão além de abrigar e receber projetos de teatro, começa a implementar sua programação musical e das artes visuais. Tem como objetivo a restauração, a urbanização do entorno completamente deteriorado do imóvel devido aos efeitos sociais dos últimos 30 anos e mais recentemente face a uma política perversa de construção; procurando preservar os remanescentes materiais e imateriais de sua memória.

Desde 26 de agosto de 2005 apresentou 30 espetáculos de teatro. Participou das duas Viradas Culturais. Defende a criação do pólo cultural da Vila Itororó mantendo seus habitantes no bairro. Luta pela criação de uma nova política de preservação para a cidade de São Paulo, que respeite sua história assim como os habitantes dela. Tenta implementar seu trabalho social voltado para o bairro e seus moradores criando um centro de informática e cidadania. Um local onde a informática servirá de motor para a reconstituição da memória material e sobretudo da imaterial através da criação de um repertório de imagens e documentos e dados que contam seu passado.



 Casarão do Belvedere em 1970 - Fonte: Panoramio
Arquivo pessoal: Paulo Goya

Rua Pedroso, 267 - Bela Vista
Metrô São Joaquim

Tel.: 3266-5272


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3 comentários:

  1. Muito louvável atitude do Senhor Paulo Goya, que sozinho luta para proteger o patrimônio histórico brasileiro, em especial da Cidade de São Paulo, que é exemplo em miscigenação e tolerância racial no mundo.

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  2. A cidade é um relato de seus tempos históricos. Apagá-los é desconstruir nossa identidade. Parabéns pela luta!

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