quarta-feira, 25 de junho de 2014

Pateo do Colégio número 1


Foto: Hélio Bertolucci Jr. - 30/05/2014


Colaboração: Suely Piedade Santos

Eis que chegou um momento em que felizmente após anos de espera é possível conferir a profunda recuperação de um patrimônio histórico de São Paulo, o edifício tombado construído em 1888, no Pátio do Colégio, nº 1, no Centro.

Restaurar na minha concepção é inovar, é buscar as formas originais de algo que o tempo deteriorou, é remexer do âmago do que sobreviveu. Frente a este casarão renascido no centro velho da minha querida SAMPA também me sinto mexida. É impossível ver suas novas formas, sem relembrar o passado, um passado familiar, inclusive.

Quanto aos registros oficiais, eis o que diz desse prédio o livro "Bens Culturais Arquitetônicos no Município e na Região Metropolitana de São Paulo, a bíblia do patrimônio histórico da cidade: "Edifício contemporâneo aos que Ramos de Azevedo construiu no Pátio do Colégio em 1887, quando aquele espaço urbano foi remodelado, distinguindo-se muito da antiga Praça da Sé, que lhe ficava contígua.

Ostenta em sua cimalha a data de 1888 e, pelos pormenores da modenatura, especialmente no que diz respeito à ornamentação em relevo das janelas, conclui-se que o edifício seja igualmente obra do escritório daquele arquiteto paulista. Estava ocupado, no início do século, pela loja de móveis Ao Grande Oriente, fundada em 1889; presume-se que o edifício tenha sido projetado especialmente para ela."

Outros registros dão conta que fora concebido por Manuel dos Reis Pinto da Rocha, construtor português que trabalhava habitualmente para o Conde de São Joaquim, próspero negociante também de origem lusa.

Seu primeiro morador foi Joaquim Lopes Lebre, agraciado pelo rei de Portugal em carta régia de 28 de Novembro de 1879 com o título de Barão de S. Joaquim, e em 22 de Março de 1881 elevado à dignidade de Visconde do mesmo nome.



Primeiro proprietário do prédio (Fonte- Museu do Imigrante)


Seu ilustre morador, gozava da consideração e simpatias gerais, não só pela sua importantíssima posição comercial, como pelos dotes do seu carácter sério e digno, pela sua índole, deixando grandes legados a cidade de São Paulo.

Numa visão mais particular, esse prédio guarda muitas recordações, vivências, histórias de vida e mais do que isso é um símbolo para mim, pois foi nele que toda família de minha mãe, vinda de Minas para São Paulo nos idos de 1940, se estabeleceu como inquilinos, fincando raízes por longos anos.

Naquela ocasião, havia nele um estúdio fotográfico que funcionava no primeiro andar. No segundo andar ficava nossa residência e pensão de minha avó. No térreo o bar e pastelaria, ganha pão de meu avô, por alguns anos.


Acervo pessoal - anos 1950 - Registro porta de entrada do estúdio fotográfico 
que funcionava no primeiro andar do prédio.




Interior do prédio - anos 1950 - Momento familiar - acervo pessoal

Na pensão para moços da minha avó, meu pai e minha mãe se conheceram, apaixonaram-se, noivaram e casaram.

No térreo, bem antes do meu nascimento, funcionara a pastelaria do meu avô, que pelo que soube fornecia pastéis de carne, queijo e palmito, para quase todos os bares nas imediações da Praça da Sé, Largo de São Bento e Largo São Francisco, inclusive para o Mercado Municipal.



Arquivo: Suely Piedade Santos

Na minha memória, suas dependências foram palco de uma infância feliz vivida naqueles idos dos anos 50 quando suas escadas, que conduziam ao segundo andar, possibilitavam chegar às janelas ornamentadas, descortinando uma paisagem nunca esquecida do coração de São Paulo, a cidade que jamais imaginaria ver crescer como cresceu.


Pateo do Colégio número 1
Foto: Arquivo pessoal - Suely Piedade Santos





Foto:Suely Piedade Santos


  Foto:Suely Piedade Santos


Helio Bertolucci Jr. (2009)


 Detalhes do andamento da restauração. Foto:Toninho Urias Marceneiro

Vista externa da obra de restauração em fase final 
 Foto de Selma P.Santos Hirose - 15/07/2013


* Segundo me informaram em 2009, quando estive fazendo as fotografias, o imóvel é de propriedade da Santa Casa de Misericórdia. (?)

Exibir mapa ampliado (Vista da região - Google Street View)


Visualizar Casas históricas paulistanas em um mapa maior



Fontes:
O Centro de São Paulo há 100 anos - Prefeitura de São Paulo.
Museu do Imigrante

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O casarão nº 1 do Pateo do Colégio,  próximo  dos edifícios do Tribunal de Alçada Cível que também ganhos novos restauros, é entregue a cidade totalmente restaurado.   A região da Pateo do Colégio/Sé vai se tornando mais atraente aos visitantes.

Aos poucos a  história arquitetônica da cidade vai ganhando novas restaurações e seus proprietários vão entendendo o porquê de se preservar estes patrimônios.

Só nos resta saber qual destino dará a este imóvel e quem são seus proprietários. 

Nota do blog


(Atualizado o original postado em 22/10/10)